Akane Granger tinha chego a São Paulo há dois dias, e não custou-lhe muito achar um lugar para morar: Conhecia um pessoal que dividia um apartamento e foi morar com eles. Ao todo eram seis: Três garotas, contando com ela, e dois garotos, mais o gato de estimação chamado Butler. Todos eram estudantes (exceto o gato), cursando alguma faculdade ou curso técnico, e Akane, abandonando sua juventude "marginal" de ladra de pé-rapados, ou melhor, alcançando um certo nível de maturidade, decidiu que era hora de levar sua vida acadêmica a sério. Por isso foi a São Paulo, estava pensando em psicologia, que, é uma ciência instigante.
Na verdade - pensava em seu intimo - estou aqui por uma razão maior.
Sentiu um chamado, sim, e pensou que tivesse algo a ver com os acontecimentos estranhos que tem ocorrido nas noites sem lua.
De qualquer forma, era hora de voltar a estudar - que saco - os vestibulares de inverno estavam chegando.
Julia entrou e percebeu que Akane não tinha saído da mesma página em que estava 15 minutos atrás, e riu.
- Nossa, hoje, com esse friozinho, tá horrivel de estudar né?
- Nem me fale... - Encolheu-se no seu casaco
- Ahn... Por acaso... Você tá vendo algum bico?
- Ah sim - Mal tinha tido tempo para pensar nisso, as noites de lua nova faziam com que os dias fossem doloridos e cansativos. - To vendo, antes só quero me adaptar... Sabe?
- Pode crer. - Julia sorriu, depois saiu do quarto.
Eram 15h, estava nublado e uma garoa fininha gelava o ar. Akane deciciu dar uma volta na quadra, respirar o ar puro - cof cof - lá de fora.
Talvez um emprego numa lanchonete ou num bar fosse um bom começo. Já daria pra ajudar com as contas do ap. E as inscrições pros vestibulares.
O homem parrudo soltou Mikael.
- Tá solto é? - um pouco desconfiado
- Sim, tá fazendo um rangido chato quando deito.
- Hm, então vou dar uma olhada lá. - O homem estendeu a mão, pedindo a faca de volta. Mikael devolveu.
- Ah, sim, eu gostaria de fechar minha conta, tenho que ir embora...
O homem voltou a encará-lo.
- Mesmo? Se você vai embora, por que queria consertar a cama?
Mikael ficou sem respostas, percebeu que o homem colocava a mão no cinto na parte das costas, será que ele tinha uma arma?
Um pouco gaguejante, Mikael tentou se explicar:
- N-não, não! Eu queria arrumar, mas depois de você ter posto as mãos em mim daquele jeito, me xingado e tal, eu fiquei ofendido! E agora o senhor tá me dizendo que eu tava roubando aquela faca pra outra coisa? Como pode?! - e continuou reclamando, reclamando, o homem, confuso e envergonhado, pediu gentilmente para ele se acalmar, pedindo desculpas e oferecendo beneficios como um quarto individual, dois travesseiros, desconto, etc. Mas Mikael só queria saber de sair dali, e, nervoso e agitado, fechou sua conta.
Quando saiu, sentiu um imenso alívio. E ainda se sentia inseguro.
Talita deu três toques na porta antes de destrancá-la e encontrar Dionísio lá dentro.
- Quem é você? - perguntou ele, assustado.
- Ah, claro, vou me reapresentar. Sou Talita, nos conhecemos ontem, de um jeito muito peculiar, lembra-se?
Claro que ele lembrava. Mas essa mulher é aquele monstro?
- Sim, é tudo muito estranho, não? Me desculpe por ter que trancar a porta, não queria que você... Fosse embora antes de eu chegar. - Sorriu - Por favor, me acompanhe.
Eles saíram do quarto e atravessaram um corredor claro e largo. A luz do dia entrava suavemente pelas janelas.
- Quero que você conheça o rapaz que te atacou ontem. Acredite, ee não fez aquilo por mal. Assim como - parou diante de uma porta e olhou para Dionísio - você não ter matado algumas pessoas anos atrás por mal.
Dionísio sentiu a espinha gelar quando ouviu essas palavras dela. Era verdade, mas também era segredo.
- Por acaso - ele riu modestamente - eu tenho sido observado?
Talita concordou não verbalmente, e abriu a porta.
Dava para um quarto que possuia correntes nas paredes, mas que não tinha um aspecto de masmorra. Acorrentado e sentado no chão, um rapaz de cabelos negros compridos, sem a camisa. Ele olhou ofegante para os que entraram.
- Este é Jacques. Jacques, este é Dionísio, ele é como você.
O rapaz acorrentado não disse nada. Parecia fraco e cansado.
- O que ele tem?
- Nada, eu apenas injetei uma substância que faz ele se transformar.
- Pra que isso?! - Para Dionísio isso era um tipo de tortura.
- Calma, ele vai ficar bem. E eu só quero ajuda-lo. Claro que, antes, eu tenho que saber como ele é.
Nisso os olhos de Jacques ficaram vivos, a pupila extremamente contraída e a íris amarelada. Seus caninos começaram a crescer e seu corpo tremia enquanto os pelos cresciam. Dionísio ficou estupefato, e mais ainda quando os ossos do rapaz começaram a estalar e sua estrutura física mudou - aumentou!
Em pouco menos de um minuto, uma criatura furiosa surgiu na frente deles. Dionísio sentiu medo. Como é que aquelas simples correntes aguentavam aquele monstro?
- Ele não vai conseguir nos ferir. - disse Talita, calmamente.
- Espero que não.
Jacques, sem consicencia do que estava fazendo, tentava se soltar daquelas amarras e pegar os dois, sem sucesso.
- Veja. Sem racionalidade. É assim no começo. Foi assim com você também, Dionísio.
- Eu sei. E me lembro bem.
- Meu objetivo é fazer com que esse jovem aprenda a dominar essa transformação. O mais rápido possível. Também quero trabalhar isso com você. E quero que você me ajude com os outros que virão.