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Capítulo 4.3 em construção...
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segunda-feira, 19 de abril de 2010

2.2 Chamado

São Paulo, Quarta-feira, 17h30. Primeiro dia de Ricardo, Dionísio e Mikael na metrópole.
Esta será a segunda noite de lua nova, que é quando os três, perturbados, sofrem transformações físicas e psicologicas. Dionísio, engenheiro elétrico, já está habituado com isso, e tem mais controle. Ricardo também está mais habituado, mas não controlado. E Mikael, o mais jovem, ainda tenta entender o que se passa. Todos eles querem respostas.

Aparece na porta um sujeito alto e forte, de meia idade. Ele dá uma boa olhada em Ricardo, deitado em sua cama, antes de entrar. Será que é seu companheiro de quarto? O homem não disse nada, apenas tirou um pequeno molho de chaves do bolso e abriu o cadeado do armário com ela. Pegou uma maleta preta e um casaco robusto trancou o armário.
- Que foi? - indagou a Ricardo, carrancudo. Depois, saiu do quarto, encarando-o.
Mesmo assim, Ricardo não se intimidou. Logo depois, o atendente da pensão veio com um bilhete.
- Olá, um menino veio e deixou esse recado pra você. - Era um endereço.
- Um menino? Tem certeza que é pra mim?
- Ricardo Correia não é?
Deve ser alguma coincidência, pensou, afinal, quantos Ricardos Correias devem existir só em São Paulo?
Antes do atendente sair, Ricardo se lembrou de perguntar
- Aquele senhor que esteve aqui agora a pouco... - o rapaz o interrompeu
- Ah, o Manoel, ele tem pinta de malvadão mas é gente boa. Bom, pelo menos, paga o aluguel em dia, hehehe.
Certo... Olhou novamente para o bilhete, escrito em meia página de caderno com linhas, dobrado duas vezes no meio. Além do endereço, estava escrito "Para Ricardo Correia" no topo e "Venha o quanto antes" logo abaixo.
Um menino...?

Dionísio fazia sua primeira caminhada/corrida pela cidade. Era em um bairro perto do centro, portanto, tão movimentado quanto. Era ruim ter que desviar das pessoas, nos próximos dias iria procurar outras alternativas ali perto. Estava hospedado em um hostel, albergue, de forma que lá não tinha esteira. Mas preferia correr ao ar livre... E poluido. Tossiu quando um ônibus passou ao seu lado, espalhando fumaça preta.
No começo da tarde, tinha ido conhecer a USP, seus novos chefes e seu novo ambiente de trabalho. Lembrou-se de perguntar como ia a saúde do senhor que ele estava substituindo. "Ah, ainda não temos muito resultado, mas o Carlos é forte, sabemos que vai ficar bem."
O ambiente era cinzento, mas descontraído. Os funcionários pareciam se dar bem e pareciam ser simpaticos com Dionísio.
Em meio às lembranças do dia, percebe estar sendo perseguido. Olha em volta, apenas ele correndo, os outros andando a passos rápidos e os carros congestionados. Não viu ninguém suspeito, mas, mesmo que estivesse correndo, sentia que alguém o acompanhava. Apressou. Em 3 minutos, chegou no pequeno hall do hostel. No sofá, um sujeito lhe chamou a atenção pelo olhar. Era um velho magro e mal vestido, com a barba por fazer. Seus olhos penetravam em Dionísio. Se levantou e veio na sua direção vagarosamente. Meteu a mão no bolso do casaco. Dionísio gelou, ficou paralizado. Por que diabos o recepcionista tá distraido com aqueles papéis?!
O velho tirou um envelope amarelo pequeno e deixou sobre o balcão, sem desviar o olhar inquisidor, e foi embora.
Dionísio pega o envelope, enquanto sobe as escadas até seu quarto, lê o pequeno bilhete, que continha um endereço.
Que diabos....???


Mikael acorda e está sozinho no quarto. Que ressaca... E olha que nem bebeu. Resolve dar uma volta para espairecer.
Já está ficando escuro. Droga, essa noite vai ser daquelas. O pior é o quarto coletivo, cheio de marmanjo.
Entra em uma padaria qualquer, pede uma xícara de café e dois pães de queijo. Ainda precisa arranjar um emprego, mas não tem saco pra pensar nisso agora. Um velhinho banguela risonho ao seu lado começa a puxar assunto. Mikael apenas assente com a cabeça, desejando que ele cale a boca.
Quando o velhinho finamente se levanta para ir embora, meio bêbado, ele esbarra em Mikael
- OPA! Descupaí, filhinho, é queu to mei que mai pa la do qe pa ca - E sai rindo alto e dançando na calçada.
Mikael vai para o caixa e procura a carteira nos bolsos. Cadê?
A mulher no caixa, gorda e carrancuda, olha feio para ele.

3 comentários:

Unknown disse...

- Aquele maldito velho!

Mikael sai correndo da padaria tentando encontrar o velho pelas ruas, não ia ficar assim barato.

(Mikael) procura o velho pelas ruas e tenta recuperar a carteira, tomar o que o velho tiver e fugir pelos lugares mais inusitados possiveis usando suas habilidades de parkour.

walderlopes disse...

[DIONÍSIO]

“Que diabos... um endereço?”

Dionísio termina de chegar ao quarto e toma um banho pra relaxar. Depois, decide procurar um mapa da cidade de São Paulo usando a internet, pelo celular. Anota as coordenadas, nomes de ruas e avenidas e alguns pontos de referência, já que não conhece a cidade. Procurando mais um pouco, acha itinerários de ônibus que possam deixá-lo próximo ao local. “Eu poderia pegar um táxi e dar um endereço próximo e terminar o caminho a pé”, pensou, pois não queria que outras pessoas soubessem daquele misterioso endereço. Pelo menos já tinha um plano.

Estava em dúvida se ia ainda hoje ao endereço ou se deixava para o dia seguinte. Não sabia o que poderia acontecer no local se fosse durante a noite. Mas também não sabia se conseguiria resistir ao chamado enquanto estivesse “dormindo”.

Por fim, sua natureza estudiosa o fez decidir que no dia seguinte passaria perto do local indicado no endereço. Queria conhecer a rua, ver se era movimentada, enfim, estudar o local. Então decidiria o horário para fazer uma “visita”.

Saiu pra um rápido jantar. Na volta pediu ao recepcionista que não passasse mensagens a ele antes do amanhecer, pois tinha tido “um dia cheio”. Chegou no quarto e trancou a porta.

“Acho que agora as coisas começam a mudar”, falou em voz alta para o quarto vazio.

Molina disse...

[Ricardo]
Um bilhete?
Ele deita na cama e pensa sobre o assunto. Ele é novo na cidade. Essa pensão não é das mais respeitáveis. Alguém poderia estar tentando atraí-lo para uma armadilha. Mas por que não em um lugar mais perto? Ou melhor, para que um bilhete? Basta uma mulher atraente para atrair turistas ingênuos para lugares perigosos. E além disso, quem acharia que ele tem alguma coisa digna de um golpe?
Tem alguma coisa muito estranha nisso. O certo seria não ir. Mas talvez seja alguma coisa interessante. Quando foi a última vez que ele fez alguma coisa interessante?
Está decidido: ele irá. O que poderia ser pior do que continuar trancado?
Ricardo sai do quarto e pede instruções para o atendente sobre como chegar nesse endereço. Pena que isso aconteceu junto com as dores de cabeça, ele não vai poder aproveitar a experiência tanto como gostaria.